Lição de Casa
Não importa o
tamanho, se pequenas ou mais crescidas, o fato é que para muitas crianças e
adolescentes a hora de fazer a lição de casa é um verdadeiro tormento. Afinal,
interromper a brincadeira para fazer o dever escolar dá muita preguiça! Por
isso, motivá-las desde cedo a cumprir as tarefas é muito importante.
A lição de casa é um recurso pedagógico que tem como objetivo sistematizar o
aprendizado realizado em sala de aula, preparar para novos conteúdos e
aprofundar os conhecimentos sobre um conteúdo já assimilado, para que o mesmo
seja incorporado pelo aluno como parte de seu repertório. Desta forma, a rotina
de estudos não se encerra na porta da escola, mas deve continuar em casa, sob a
forma de “dever de casa”. Além de auxiliar no trabalho do professor, o dever
realizado em casa é uma forma dos pais acompanharem o aprendizado do filho,
perceber seus interesses e aptidões. É importante lembrar que acompanhar o
dever escolar não significa fazer a lição, pois ajudar o filho eventualmente é
saudável, mas é importante trabalhar a autonomia da criança, para que ela
desenvolva habilidades e estratégias de estudo.
Tão necessária quanto a lição de casa, a rotina de estudos (revisão da
matéria), é importante para que a criança ou adolescente se organize. Como a
criança ainda não é capaz de estabelecer uma rotina sozinha, e não tem
autonomia para organizar o seu dia e os seus compromissos, ela precisa da ajuda
dos pais nesse processo. Assim, os pais devem organizar um horário com a
criança e ter controle sobre o cumprimento do mesmo. No caso do adolescente que
já tem uma capacidade maior de organização, e pode estabelecer uma rotina
sozinho, é importante o monitoramento dos pais.
No entanto, apesar da importância da lição de casa, essa rotina torna-se muitas
vezes um suplício para os pais e motivo de muitos conflitos
familiares. Por isso, para evitar que o dever se torne um sofrimento, pais e
escolas devem estabelecer uma boa sintonia, de forma que a quantidade e o tipo
de tarefa sejam adequados ao perfil da criança, e que ela encontre o incentivo
e ambiente que necessita para realizá-los. O grande desafio de pais e
educadores, é fazer com que o aluno possa atribuir significado a este trabalho,
ou seja, perceber a função da tarefa para que possa compreender a sua
importância.
Uma dúvida frequente dos pais é como agir quando o filho não quer fazer a lição
de casa. O primeiro passo é identificar o problema, pois não conseguir terminar
a lição ou negar-se a fazê-la pode ser reflexo de problemas que poderão
impactar significativamente a aprendizagem, e comprometer o percurso acadêmico
do aluno. Por isso, é necessário entender por que a criança ou adolescente tem
dificuldade para realizar as tarefas propostas para casa e já trabalhadas na
escola. Vale ressaltar, que a não-aprendizagem pode sinalizar uma dificuldade
ou transtorno de aprendizagem, onde fatores biológicos, cognitivos, emocionais,
metodológicos e sociais estão interligados e são determinantes para o sucesso
do aprendente.
Vale ressaltar que algumas vezes as dificuldades ou dependência dos filhos em
relação aos pais no momento de realizar as tarefas de casa,
pode ser apenas uma forma de chamar a atenção, mas pode sinalizar também
problemas graves que merecem atenção e tratamento. Uma avaliação
psicopedagógica é muito importante neste momento, tendo em vista que este
especialista buscará compreender as mensagens, muitas vezes implícitas, sobre
os motivos que levam a resultados insuficientes ao esforço aplicado na busca
pela aprendizagem, seja ela sistemática ou não.
No momento de orientar a lição de casa, é importante que os pais compreendam
que a criança ou adolescente está em fase de aprendizagem, e é natural que
cometa erros e tenha dúvidas. Por isso, não se deve repreendê-la nestes
momentos, mas orientá-la quanto as suas dúvidas. O segredo para que a criança
tenha um desenvolvimento acadêmico saudável é não oferecer respostas prontas,
mas ajudá-la a buscar soluções para seus problemas, de forma tranquila e
harmoniosa. O ideal é incentivar o aprendizado e deixar que a criança realize
as tarefas do seu jeito, mesmo que esta não corresponda à expectativa dos adultos.
Fonte:
Texto de Celeste Chicarelli ( Pedagoga – Especialista em
Psicopedagogia/
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